A cidade cresceu à sombra da floresta. A floresta morreu consumida pela novíssima-infeliz ideia de progresso. O ser humano suicidou-se no imediatismo crônico-cômico.
Posando entre taças de vinho e pinturas bucólicas, um senhor tipicamente burguês, que não quis mostrar o rosto, faz-me lembrar os piores retratos, onde pai, mãe e filhos aglomeram-se num quadro fotográfico para registrar o sucesso social diante da batalha contra o fracasso .
Antes que seja tarde demais pra dizer quem eu sou, eu sou uma possibilidade a cada segundo que passa pelas minhas retinas. Nasci quando eu e minha mãe não aguentávamos mais. Na prática, eu sou uma teoria mal-resolvida. Apaixonada pelo mundo livre até demais, deixo meus ideais dominarem meus atos e acabo por defender sozinha lógicas que só fazem sentido em terras utópicas. Descobri na colagem, assim como no ofício da escrita , uma forma de ilustrar minhas insanidades e meus anseios, procurando abrigo em um mundo que só faz sentido pra mim. Rostos de nuvens, cidades de flores, peixes terrestres e outras formas de dizer absolutamente tudo o que quero, sobretudo nada.
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